domingo, 28 de novembro de 2010
Repressão
Repressão
Ø A repressão não seria uma forma mais simples de diminuir o problema das drogas?
É necessário tratar a questão de forma equilibrada, ou seja, reduzindo tanto a oferta por parte do traficante (mediante a repressão) quanto a procura por parte do usuário (mediante a prevenção). Uma repressão efetiva deve atingir a economia do crime organizado transnacional, ou seja, aquelas especiais associações delinqüenciais que não obedecem a limitações de fronteiras.
Quanto à prevenção, ela é fundamental, pois envolve qualquer atividade voltada para a diminuição da procura da droga. Da mesma maneira, é muito importante que haja uma diminuição dos prejuízos relacionados ao uso de drogas (para maiores detalhes, ver pergunta 2 no item Tratamento).
Ø Não seria mais fácil simplesmente impedir que os jovens tenham acesso às drogas
Se um jovem quiser experimentar drogas, vai sempre encontrar alguém que possa fornecê-las. Ainda que pudéssemos contar com todos os esforços policiais disponíveis, seria muito difícil o controle absoluto tanto da produção clandestina quanto da entrada de drogas ilegais em um país. Medidas para reduzir a oferta podem ser postas em prática, mas nunca teremos uma sociedade sem drogas.
De uma maneira geral, a experimentação de substâncias ilegais costuma ocorrer na metade ou no final da adolescência. Entre os jovens que experimentam drogas ilegais, a maioria entra em contato com o produto por meio de amigos. A maconha é a droga ilegal utilizada com mais freqüência. Por outro lado, os jovens sempre podem dar um jeito para obter drogas legais como álcool e solventes (cola, éter, benzina). Embora existam leis proibindo a venda dessas substâncias a menores de idade, elas precisam impor o respeito às normas, como exercício de cidadania.
É certo que em situações onde o acesso às drogas é muito fácil, existe também uma tendência ao consumo descontrolado.
A situação onde a necessidade de drogas é menor corresponderia àquela onde, havendo equilíbrio dos padrões de consumo, predominaria o uso ocasional. Mas essa é uma situação intermediária difícil de ser atingida.
O acesso mais fácil às drogas tende a levar a um aumento do número de usuários experimentais e ocasionais, mas não dos dependentes. Ao contrário do que muitos pensam, as pessoas não vão se tornar dependentes de drogas somente por que elas estão mais disponíveis. Entretanto, seria ingênuo concluir que a simples liberação das drogas resolveria todo o problema. Se por um lado a diminuição da oferta não resolve a questão, por outro o aumento da oferta (liberação) não é capaz de diminuir por si só a dependência de drogas. A dependência se relaciona muito mais diretamente com os aspectos envolvidos no tipo de motivação que o indivíduo tem de consumir drogas do que com a disponibilidade dos produtos.
A experiência acumulada sobre o assunto mostra que posições mais liberais com relação às drogas permitem que o problema possa ser abordado de maneira mais eficaz. Por exemplo, em um ambiente familiar muito rígido e repressivo, um jovem teria bastante dificuldade em revelar que usa drogas e isso poderia agravar possíveis problemas correlatos já que não contaria com o apoio de familiares ou com a ajuda de profissionais.
Ø Se não é possível acabar com a oferta de drogas, o que pode ser feito?
O importante é realizar um trabalho de prevenção, ou seja, diminuir a motivação que alguém possa vir a ter de usar drogas. Ainda, um trabalho de conscientização, revelando os danos, sociais, físicos e psicológicos, causados pelo uso de drogas.
O que os pais podem fazer é tornar-se exemplo para os filhos. A maneira como os pais lidam com a questão tem muito mais efeito sobre o jovem do que as informações que são dadas. Ou seja, o que se faz é muito mais importante do que o que se diz.
As crianças e os jovens começam a aprender o que é droga quando observam os adultos em busca de tranqüilizantes ao menor sinal de tensão ou nervosismo. Aprendem também o que é droga quando ouvem seus pais dizerem que precisam de três xícaras de café para se sentirem acordados, ou ainda quando sentem o cheiro da fumaça de cigarros... Além disso, eles aprendem o que é dependência quando observam como seus pais têm dificuldade em controlar diversos tipos de comportamentos, como, por exemplo, comer de modo exagerado, fazer compras sem necessidade, trabalhar excessivamente.
Os adultos têm sempre "boas" formas de justificar esse comportamento, mas na verdade trata-se de um modelo de comportamento impulsivo e descontrolado. E esses modelos de comportamento podem ser copiados pelos jovens na forma como se relacionam com as drogas.
Somos uma sociedade de consumidores de produtos e a maioria de nós estabelece relações complicadas com as drogas. Não é difícil encontrar pessoas que, ao menor sinal de sofrimento, de desconforto, lançam mão de um "remedinho", de uma "cervejinha", de um "cafezinho" ou de um "cigarrinho" para aplacar a ansiedade de forma quase instantânea. Esse é o princípio básico de modelo de comportamento dependente que observamos em um imenso número de adultos e pais que, sem a menor consciência do que estão fazendo, "ensinam" aos filhos, alunos e jovens em geral que os problemas podem ser resolvidos, como que por um passe de mágica, com a ajuda de uma substância.
É muito importante que os jovens compreendam, por meio de nossas atitudes, qual é a atitude adequada em relação às drogas. Esse processo de aprendizagem começa na infância e continua até o final da adolescência.
Muitas são as razões que podem levar alguém a usar drogas. Cada pessoa tem seus próprios motivos. Os pais não devem tirar conclusões apressadas se suspeitam ou descobrem se o filho ou filha usou ou está usando drogas. É preciso que escutem com muita atenção o que o filho ou a filha tem a dizer para poderem compreender o que está acontecendo. Entre os possíveis motivos, destacamos:
▪ A oportunidade surgiu e o jovem experimentou.
O fato de um jovem experimentar drogas não faz dele um dependente. Porém, mesmo experiências aparentemente inocentes podem resultar em problemas (com a lei, por exemplo). Um jovem que usou drogas passa a ser tratado muitas vezes como "drogado" por seus pais ou professores. O excesso de preocupação com o uso experimental de drogas pode tornar-se muito mais perigoso do que o uso de drogas em si.
▪ O uso de drogas pode ser visto como algo excitante e ousado pelos jovens.
Cabe aos adultos alertar os jovens sobre os riscos relacionados com o uso de drogas. Entretanto, muitas vezes são justamente os riscos envolvidos que podem exercer atração sobre eles. Esta é uma das críticas que são feitas às campanhas antidrogas de caráter amedrontador, que exageram os riscos.
▪ As drogas podem modificar o que sentimos. Esse poder de transformação das emoções pode se tornar um grande atrativo, sobretudo para os jovens.
▪ Muitas pessoas acreditam que os jovens acabam consumindo drogas pela influência de colegas e amigos (pressão de grupo).
Embora a "pressão do grupo" tenha influência, sabemos que a maioria dos grupos tem um discurso contrário às drogas; mesmo assim, alguns jovens acabam se envolvendo. Mais importante do que estar em acordo com o grupo é estar bem consigo mesmo. Os jovens que dependem exageradamente da aprovação do grupo são justamente aqueles que têm outros tipos de problemas (por exemplo, sentem-se pouco amados pelos pais, deslocados, pouco atraentes, etc.).
▪ O uso de drogas pode ser uma tentativa de amenizar sentimentos de solidão, de inadequação, baixa auto-estima ou falta de confiança.
▪ Mas não existe uma pressão externa para consumir drogas?
Sim, essa pressão certamente existe. Nossa sociedade tem como um de seus maiores objetivos a felicidade. O grande problema é que tristeza, descontentamento e solidão passam a ser vistos como situações a serem eliminadas, quando, na verdade, elas fazem parte da vida e devem ser compreendidas e transformadas.
Consumir drogas é uma forma de obtenção de prazer. Isso não pode ser negado. Devemos ter em mente que existem maneiras de se obter prazer cujo preço a pagar pode ser muito alto. Devemos ensinar aos jovens que a fórmula de "felicidade a qualquer preço" imposta pela sociedade aos indivíduos não é a melhor maneira de se viver.
Com freqüência os pais querem saber quais os sinais que indicam que um jovem esteja usando drogas. Não existe maneira fácil de confirmar a suspeita.
Tentar identificar no jovem sinais ou efeitos das diferentes substâncias só tende a complicar ainda mais as coisas. O clima de desconfiança que se instala nessas situações prejudica muito o relacionamento entre os familiares.
É normal e esperado que os jovens tenham segredos e que dificultem o acesso de outras pessoas da família, sobretudo os pais, a questões de sua vida pessoal. Eles tendem também a experimentar situações novas, a assumir atitudes desafiantes e de oposição e até mesmo a apresentar comportamentos ousados que podem envolver riscos. Tais comportamentos constituem traços característicos de uma adolescência normal. A grande dificuldade dos pais é saber até que ponto essas atitudes e comportamentos estão dentro do esperado ou se já significam que o jovem está passando por problemas mais graves e necessitando de ajuda.
Sim, na medida em que eles se mostrarem interessados pelo assunto.
Se o uso de drogas puder ser discutido de forma adequada à idade da criança ou do adolescente, vai deixar de ser algo secreto e misterioso, perdendo muito de seus atrativos. Qualquer atividade vista como oculta do mundo dos pais e dos professores tende a ser vista pelos jovens como instigante e excitante.
O primeiro grande problema que se apresenta nessas situações é que freqüentemente os jovens são mais informados a respeito de drogas do que seus pais.
Quando falarem de drogas, os pais devem se basear em substâncias que eles realmente conhecem (por exemplo, álcool ou tranqüilizantes). Os pais em geral têm mais dificuldade em falar sobre drogas ilegais, mas grande parte das informações a respeito de drogas legalizadas (como álcool e tranqüilizantes) tende a ser igualmente válida para as ilegais. Seria aconselhável que os pais pudessem adquirir conhecimentos básicos sobre as principais substâncias de uso e abuso em nosso meio, para que não transmitam informações sem fundamento ou preconceituosas, como são habitualmente veiculadas em jornais, revistas, televisão, etc. Não há problema algum no fato de os pais admitirem perante os filhos o seu desconhecimento a respeito de drogas, quando for o caso. Eles não precisam ter conhecimentos detalhados para poder ajudar seus filhos.
A maioria das crianças e adolescentes aceita a autoridade dos pais, sobretudo quando no ambiente familiar estão presentes a confiança e o afeto. Porém, à medida que o adolescente vai se desenvolvendo, a autoridade vai sendo transferida para eles mesmos até que se tornem responsáveis por suas próprias ações. Muitos pais têm dificuldades para abrir mão de sua autoridade conforme os filhos crescem, dificultando, assim, que eles possam se tornar responsáveis por si mesmos.
Grande parte dos jovens é capaz de se abrir quando os pais passam a ouvir mais e falar menos. Mas quando os pais, apesar de tudo, não conseguem mais se comunicar com os filhos, devem recorrer a outras pessoas. Mas quais? Os pais, de preferência, devem procurar alguém que o jovem admire ou respeite. Pode ser um parente, um amigo da família, um professor, um padre, o médico da família ou um profissional especializado.
Não há uma resposta simples para essa questão. Existem muitas maneiras de se responder à pergunta. Alguns pontos devem ser destacados:
▪ Existe uma variedade muito grande de drogas.
▪ Drogas diferentes produzem diferentes efeitos nas pessoas; alguns são perigosos, outros não.
▪ Existem formas mais e menos perigosas de se consumir drogas (injetar drogas é geralmente muito mais perigoso do que usá-las de outras maneiras).
▪ A lei é diferente para cada tipo de droga (é ilegal fumar maconha).
▪ O uso de algumas drogas, como o álcool, é socialmente mais aceitável do que o de outras. Entretanto, o que é ou não socialmente aceitável depende das características da comunidade em questão – seus valores, sua cultura (o álcool não é socialmente aceitável em comunidades muçulmanas) – e não do risco que a droga representa.
▪ Cada jovem é uma pessoa diferente e única e podem ser muitas as razões pelas quais alguém se envolve com drogas. Da mesma forma, existem variadas formas de ajudá-lo a interromper ou moderar o uso de drogas.
▪ Os pais têm maneiras diferentes de lidar com um filho que esteja usando drogas. Embora alguns sejam totalmente contra o uso de qualquer droga, a maioria considera aceitável o uso de determinadas substâncias (bebidas alcoólicas, fumar cigarro). Alguns pais são tolerantes e outros se resignam com o fato de seus filhos usarem drogas.
▪ Existem várias instituições de ajuda a pessoas com problemas relacionados ao uso de drogas.
Ø Pais que usam ou usaram drogas ilegais no passado estão mais preparados para lidar com o problema?
Freqüentemente, não. O lado positivo dessa experiência é que os pais que tiveram a oportunidade de experimentar substâncias ilegais provavelmente não vão ser tão alarmistas com relação ao uso de drogas. Entretanto, se o assunto vier à tona, devem se dirigir aos filhos expressando com sinceridade tanto os momentos bons como os momentos ruins daquela época de vida, cuidando para não transmitir uma visão idealizada e "glamourizada" das drogas.
Diversas escolas têm adotado programas educativos com esse objetivo. Eles podem ser de grande ajuda aos jovens, sobretudo a partir do início da adolescência, desde que conduzidos de forma adequada. Como já foi explicado anteriormente, informações mal colocadas podem aguçar a curiosidade dos jovens, levando-os a experimentar drogas. Discursos antidrogas e mensagens amedrontadoras ou repressivas, além de não serem eficazes, podem até mesmo estimular o uso.
De preferência, a escola deve ter algumas regras bem estabelecidas, tais como não autorizar o uso de drogas, sejam legais (álcool, fumo) sejam ilegais (maconha, cocaína), nas suas dependências. Por outro lado, seria abusivo e contraproducente a escola tomar atitudes drásticas com alunos que fazem uso de drogas (como a expulsão). A exclusão só irá diminuir as chances de os jovens serem compreendidos e seus casos tratados de forma adequada.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Dependência das drogas
O que é dependência?
Dependência é o impulso que leva a pessoa a usar uma droga de forma contínua (sempre) ou periódica (freqüentemente) para obter prazer. Alguns indivíduos podem também fazer uso constante de uma droga para aliviar tensões, ansiedades, medos, sensações físicas desagradáveis, etc. O dependente caracteriza-se por não conseguir controlar o consumo de drogas, agindo de forma impulsiva e repetitiva.
Para compreendermos melhor a dependência, vamos analisar as duas formas principais em que ela se apresenta: a física e a psicológica.
A dependência física caracteriza-se pela presença de sintomas e sinais físicos que aparecem quando o indivíduo pára de tomar a droga ou diminui bruscamente o seu uso: é a síndrome de abstinência. Os sinais e sintomas de abstinência dependem do tipo de substância utilizada e aparecem algumas horas ou dias depois que ela foi consumida pela última vez. No caso dos dependentes do álcool, por exemplo, a abstinência pode ocasionar desde um simples tremor nas mãos a náuseas, vômitos e até um quadro de abstinência mais grave denominado delirium tremens, com risco de morte, em alguns casos.
Já a dependência psicológica corresponde a um estado de mal-estar e desconforto que surge quando o dependente interrompe o uso de uma droga. Os sintomas mais comuns são ansiedade, sensação de vazio, dificuldade de concentração, mas que podem variar de pessoa para pessoa.
Com os medicamentos existentes atualmente, a maioria dos casos relacionados à dependência física podem ser tratados. Por outro lado, o que quase sempre faz com que uma pessoa volte a usar drogas é a dependência psicológica, de difícil tratamento e não pode ser resolvida de forma relativamente rápida e simples como a dependência física.
Todo usuário de drogas vai se tornar um dependente?
A maioria das pessoas que consomem bebidas alcoólicas não se torna alcoólatra (dependente de álcool). Isso também é válido para grande parte das outras drogas.
De maneira geral, as pessoas que experimentam drogas o fazem por curiosidade e as utilizam apenas uma vez ou outra (uso experimental). Muitas passam a usá-las de vez em quando, de maneira esporádica (uso ocasional), sem maiores conseqüências na maioria dos casos. Apenas um grupo menor passa a usar drogas de forma intensa, em geral quase todos os dias, com conseqüências danosas (dependência).
O grande problema é que não dá para saber, entre as pessoas que começam a usar drogas, quais serão apenas usuários experimentais, quais serão ocasionais e quais se tornarão dependentes.
É importante lembrar, porém, que o uso, ainda que experimental, pode vir a produzir danos à saúde da pessoa.
Por que muitos jovens têm dificuldade para reconhecer que o uso de droga pode ser nocivo e perigoso?
Alguns adultos que consomem bebidas alcoólicas ocasionalmente têm dificuldade para admitir que o álcool pode vir a se tornar um hábito nocivo e perigoso; o mesmo ocorre com os jovens que experimentam ou usam drogas ilegais: eles têm o mesmo problema. Em grande parte, isso se deve ao fato de que a maioria dos consumidores de drogas, legais ou ilegais, conhecem muitos usuários ocasionais, mas poucas pessoas que se tornaram dependentes ou tiveram problemas com o uso de drogas. Por outro lado, o prazer momentâneo obtido com a droga e a imaturidade não favorecem maiores preocupações com os riscos.
O tratamento de um dependente de drogas com medicações pode fazer com que ele se torne dependente de remédios?
No tratamento da dependência tenta-se sempre evitar o uso de medicações que possam ocasionar esse problema. A maioria dos remédios receitados pelo médico nesses casos não causam dependência. Alguns, como benzodiazepínicos, barbitúricos e metadona, podem vir a causar dependência, mas, ainda assim, podem ser usados, desde que sob controle médico, por determinados períodos de tempo e em doses adequadas.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Classificação das Drogas
Classificação
Existem drogas leves e drogas pesadas?
Esta é uma questão que sempre causa discussões e, por isso, há mais de uma posição a respeito. Do ponto de vista da lei, não há diferença entre drogas leves e pesadas, mas apenas entre drogas legais e ilegais (ou lícitas e ilícitas). Fumar maconha ou injetar cocaína, por exemplo: as duas atitudes infringem igualmente a lei. Na prática, porém, o uso de maconha raramente chega a ter as mesmas conseqüências perigosas à saúde que o de cocaína.
Além disso, sabemos que os riscos relacionados ao consumo de drogas dependem mais da maneira e das circunstâncias em que elas são usadas do que do tipo de droga utilizado. Mesmo para os dependentes, os perigos dependem do grau de dependência e não da natureza da droga e de ela ser lícita ou ilícita. A morfina, substância legalizada, cujos efeitos são muito semelhantes aos da heroína, poderia ser considerada uma droga pesada, e, apesar disso, ela é receitada para pacientes com câncer, sem que necessariamente eles se tornem dependentes.
Na verdade, não deveríamos falar em drogas leves e pesadas, mas sim em uso leve e uso pesado de drogas. Com relação ao álcool, por exemplo, existem dependentes que nunca conseguem beber moderadamente; ao mesmo tempo, existem usuários ocasionais, que jamais se tornarão dependentes de álcool. Para os primeiros, o álcool é uma droga extremamente perigosa (droga pesada), enquanto para os últimos o álcool é um produto inofensivo (droga leve).
Existem drogas seguras e inofensivas, que não causam nenhum problema?
Mesmo as drogas consideradas leves por algumas pessoas, como a maconha, por exemplo, podem causar danos. Tudo depende de quem as usa e da maneira como cada droga é consumida.
As substâncias ilegais são mais perigosas do que as legalizadas?
Nem sempre. Os perigos relacionados ao uso de drogas dependem de diversos fatores, como já vimos: que droga é utilizada, em quais condições e quem é o usuário. O fato de a substância ser legal ou ilegal não tem uma relação direta com o perigo que oferece.
Temos a tendência de achar que substâncias como o álcool, já que são legalizadas, não são tão problemáticas e prejudiciais quanto as drogas ilegais, o que é um engano. Assim, observamos que na nossa cultura somos demasiadamente tolerantes com relação às drogas legalizadas (álcool, medicamentos, fumo etc.).
As drogas naturais são menos perigosas do que as drogas químicas?
Não. Substâncias obtidas a partir de plantas, como a cocaína, podem ser tão ou até mesmo mais perigosas do que as drogas produzidas em laboratórios, como o LSD.
Existem maneiras menos prejudiciais de consumir drogas?
Sim, embora todas sejam prejudiciais. Podemos tomar como exemplo a cocaína. Na região dos Andes, mascar folhas de coca é um hábito de muitos e muitos anos, praticamente sem conseqüências danosas e sem que isso leve à dependência. Por sua vez, o pó de cocaína (cloridrato de cocaína) usado de forma aspirada (cheirado) apresenta um grande potencial tóxico. Se esse mesmo pó for diluído e injetado nas veias, a toxicidade aumenta ainda mais. Fumar crack (cristais de cocaína) chega a ser tão perigoso quanto a cocaína injetada. Isso se deve basicamente à grande quantidade da substância que atinge o organismo quando a droga é fumada ou injetada.
Nesses exemplos, o princípio ativo (a substância química que produz os efeitos no organismo) é o mesmo em todos os casos. O que torna a droga mais ou menos perigosa é a quantidade maior do princípio ativo que vai agir sobre o organismo.
domingo, 7 de novembro de 2010
Tipos de Drogas
Quais os tipos de drogas que existem e que efeitos elas provocam?
As drogas atuam no cérebro afetando a atividade mental, sendo por essa razão denominadas psicoativas. Basicamente, elas são de três tipos:
a) ▪ drogas que diminuem a atividade mental – também chamadas de depressoras. Afetam o cérebro, fazendo com que funcione de forma mais lenta. Essas drogas diminuem a atenção, a concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplos: ansiolíticos (tranqüilizantes), álcool, inalantes (cola), narcóticos (morfina, heroína);
b) ▪ drogas que aumentam a atividade mental – são chamadas de estimulantes. Afetam o cérebro, fazendo com que funcione de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco, anfetamina, cocaína, crack; e,
c) ▪ drogas que alteram a percepção – são chamadas de substâncias alucinógenas e provocam distúrbios no funcionamento do cérebro, fazendo com que ele passe a trabalhar de forma desordenada, numa espécie de delírio. Exemplos: LSD, ecstasy, maconha e outras substâncias derivadas de plantas.
Os efeitos dependem basicamente de três fatores:
· ▪ da droga;
· ▪ do usuário;
· ▪ do meio ambiente.
Cada tipo de droga, com suas características químicas, tende a produzir efeitos diferentes no organismo. A forma como uma substância é utilizada, assim como a quantidade consumida e o seu grau de pureza também terão influência no efeito.
Cada usuário, com suas características biológicas (físicas) e psicológicas, tende a apresentar reações diversas sob a ação de drogas. São extremamente importantes o estado emocional do usuário e suas expectativas com relação à droga no momento do uso.
O meio ambiente também influencia o tipo de reação que a droga pode produzir. Dessa maneira, o local, as pessoas – enfim, toda a situação onde o uso acontece – poderão interferir nos efeitos que a droga vai produzir.
Por exemplo, uma pessoa ansiosa (usuário) que consome grande quantidade de maconha (droga) em um lugar público (meio ambiente) terá grande chance de se sentir perseguido ("paranóia"). Por outro lado, um indivíduo que consome maconha quando está tranqüilamente em casa, na companhia de amigos, terá menor probabilidade de apresentar reações desagradáveis.
Prevenção ao Uso e Tráfico de Drogas
PREVENÇÃO AO USO E TRAFICO DE DROGAS
Muitas vezes desejaríamos que as drogas simplesmente não existissem, principalmente quando vemos pessoas a quem amamos sofrendo e nos fazendo sofrer por estarem envolvidas com drogas. Entretanto, elas existem. O que podemos fazer é tentar evitar que as pessoas se envolvam com essas substâncias. Os que já se envolveram, podemos ajudá-los a evitar que se tornem dependentes. Para aqueles que já se tornaram dependentes, cabe-nos oferecer os melhores meios para que possam abandonar a dependência.
O que são drogas?
Drogas são substâncias utilizadas para produzir alterações, mudanças, nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional. As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com as características da pessoa que as usa, qual droga é utilizada e em que quantidade, o efeito que se espera da droga e as circunstâncias em que é consumida.
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